Parecer apresentado por Affonso de Dornellas à Comissão de Heráldica da Associação dos Arqueólogos Portugueses e aprovado em sessão de [20] de [Novembro] de 1934.

Em ofício de 6 de Julho de 1933, a Câmara Municipal de Vimioso informou o Governo Civil de Bragança de que não havia ali nada referente à simbologia local.

Sendo a história de Vimioso tão cheia de actos guerreiros e de sacrifício, de tão interessantes tradições e enfim, de vida conhecida desde remotas civilizações, parece impossível que não tenha a sua simbologia ordenada em conformidade com os valores históricos regionais.

Vimioso teve castelo, tendo nas proximidades atalaias e castros vários a que o povo tem chamado castelos de mouros, além de defesas naturais constituídas por grutas monumentais.

Vimioso porém, com todas essas fortificações, teve uma história guerreira, cheia de sacrifício e verdadeiro martírio para os seus naturais, pois os vizinhos de além-fronteiras, não contentes de destruírem a Vila, levaram prisioneiras as principais pessoas que por lá vieram a morrer sem regressar à sua terra e às suas propriedades.

Devemos portanto organizar as Armas de Vimioso com manifestação de homenagem à valentia e ao sacrifício, pois a quantidade de fortificações de que ainda existem restos, demonstram bem que esta região foi das mais atacadas na antiguidade.

Parece-nos pois que asta Vila ficará bem simbolizada da seguinte forma:

- ARMAS – De prata com uma palma de verde, acompanhada por seis torres de vermelho abertas do campo, postas três de cada lado em pala. Coroa mural de quatro torres de prata. Listel branco com os dizeres "Vila de Vimioso" a negro.

- BANDEIRA – De vermelho. Cordões e borlas de prata e vermelho. Lança e haste douradas.

- SELO – circular, tendo ao centro as peças das armas sem indicação dos esmaltes. Em volta, dentro de círculos concêntricos, os dizeres "Câmara Municipal de Vimioso".

Como as torres, peças principais das Armas, são de vermelho, a bandeira é desta cor. Para cortejos e cerimónias, a bandeira é de seda e bordada. A sua área é de um metro quadrado.

É indicada a prata para o campo das armas porque este metal, em heráldica, significa humildade e riqueza.

As torres, representativas das fortalezas e da valentia dos naturais, são de vermelho, esmalte que significa vitórias, ardis e guerras.

A palma, que representa o sacrifício dos naturais e a destruição da Vila, é de verde, esmalte que significa a esperança e a fé que os naturais sempre tiveram em melhores dias para a sua terra, atendendo ao sacrifício que por ela fizeram.

Se a Câmara Municipal de Vimioso concordar com este parecer, deverá transcrever na acta a descrição das armas, bandeira e selo, enviando uma cópia autenticada dessa acta ao Sr. Governador Civil com o pedido de a remeter à Direcção Geral da Administração Política e Civil do Ministério do Interior, para, no caso do Sr. Ministro concordar, ser publicada a respectiva portaria.

Sintra, Agosto de 1934.

Affonso de Dornellas.

(Texto adaptado à grafia actual)

Fonte: Processo do Município de Vimioso (arquivo digital da AAP, acervo “Fundo Comissão de Heráldica”, código referência PT/AAP/CH/VMS/UI0008/00082).