Parecer apresentado por Affonso de Dornellas à Comissão de Heráldica da
Associação dos Arqueólogos Portugueses e em sua sessão de 20 de Novembro
de 1934.
Com data de 22 de
Julho de 1933, a Câmara Municipal de Vila Flor, dirigiu-se ao Sr.
Governador Civil do Distrito de Bragança enviando-lhe o desenho da
bandeira ali usada, com a indicação de que a flor de lis que figura na
mesma bandeira se encontra esculpida na fonte principal e na Sala das
Sessões da mesma Câmara.
A aguarela que de
facto acompanha o ofício, apresenta uma bandeira do vulgar damasco
carmesim da ornamentação das Igrejas, tendo ao centro, dentro de vários
ornatos, um pequeno escudo de verde com uma flor de lis de ouro.
De entre os
historiadores que se têm dedicado às terras portuguesas e que incluem
nas suas obras a respectiva heráldica, o mais antigo que conheço é
Rodrigo Mendes da Silva que, em 1645, publicou em Madrid uma obra
intitulada “Poblacion General de España, sus trofeos, blasones, etc”.
Este autor, tratando de Vila Flor e referindo-se às suas armas, diz:
Una dorada flor e liz.
Temos, portanto, os
melhores elementos para sabermos como no passado era esmaltada a peça
principal das Armas, sendo também interessante a referência que nos
aparece na bandeira de ser de verde o campo das mesmas Armas.
E assim, cingindo-nos
ao estabelecido pelo Ministério do Interior, propomos para Vila Flor, a
seguinte simbologia:
ARMAS – De verde, com
uma flor de Lis de ouro, aberta e realçada de púrpura. Coroa mural de
prata de quatro torres. Listel branco com os dizeres “Vila Flor” a
negro.
BANDEIRA –
Esquartelada de amarelo e de púrpura. Cordões e borlas de amarelo e
púrpura. Lança e haste douradas.
SELO – Circular,
tendo ao centro a figura das Armas sem indicações dos esmaltes. Em
volta, dentro de círculos concêntricos, os dizeres: “Câmara Municipal de
Vila Flor”.
Como a Flor de Lis, é
de ouro, aberta e realçada de púrpura, a bandeira é esquartelada de
amarelo (que corresponde ao ouro) e de púrpura. Para cerimónias e
cortejos, a bandeira é de seda e bordada, tendo um metro quadrado de
área.
O verde do campo,
corresponde, heraldicamente, à esperança e à fé.
O ouro significa
nobreza, fidelidade, constância, poder e liberalidade.
A púrpura significa
os máximos valores da opulência, na honra, na dignidade; enfim, é o
esmalte que caracterize os expoentes das valiosas qualidades.
Com estes esmaltes
fica a história e vida regionais e as qualidades dos naturais de Vila
Flor, bem definidas.
No caso da Câmara
Municipal de Vila Flor concordar com este parecer, deverá transcrever na
acta respectiva, a descrição das Armas, Bandeira e Selo e enviar uma
cópia autenticada dessa acta ao Sr. Governador Civil do Distrito de
Bragança, com o pedido de a remeter à Direcção Geral da Administração
Política e Civil do Ministério do Interior, para no caso do Senhor
Ministro concordar, ser publicada a respectiva Portaria.
Sintra, Agosto de
1934.
Affonso
de Dornellas.
(Texto adaptado à
grafia actual)
Fonte: Câmara
Municipal de Vila Flor, Livro de Atas n.º 25, pp. 7v.-8v., Acta
da sessão ordinária da Comissão Administrativa de Vila Flor de 12 de
Janeiro de 1935.
Informação
gentilmente cedida pela Câmara Municipal de Vila Flor. |