[Parecer apresentado por Affonso de Dornellas à Comissão de Heráldica da
Associação dos Arqueólogos Portugueses e aprovado em sessão de 30 de
Outubro de 1937.]
Desejando a Câmara
Municipal da Vidigueira que seja definida a composição das suas armas,
assim o solicitou à Associação dos Arqueólogos Portugueses.
Tendo sido o vinho a
principal riqueza regional, e tendo esta vila um castelo, assumiu, e
muito bem, umas armas em que uma torre, representando o castelo, é
envolvida por uma videira com cachos e parras. Assim o indica Inácio
Vilhena Barbosa no terceiro volume da sua obra – “As Cidades e Villas da
Monarchia Portuguesa que teem Brazão d’Armas” – Lisboa, mil oitocentos e
sessenta e cinco.
Depois, talharam o
escudo, carregando o primeiro do talhado com o busto de Vasco da Gama
que foi Conde da Vidigueira, e o segundo pelas armas antigas, ou seja a
torre envolvida pela videira. Assim vem no “Portugal Antigo e Moderno”,
Lisboa – mil oitocentos e oitenta e dois.
Na heráldica não
entram bustos, seja de quem for. Nas salas da Câmara pode haver os
retratos e os bustos que se desejem, nas praças e jardins, as estátuas
ou monumentos alusivos e nas monografias, os retratos e biografias.
Estão, portanto, as
Armas da Vidigueira, as mais antigas, muito bem ordenadas, faltando
indicar-lhe os esmaltes próprios e indicar a bandeira e o selo, o que
vamos fazer:
ARMAS – De negro, com
uma torre torreada de prata aberta e iluminada do campo, envolvida por
uma videira troncada de sua cor, folhada de verde e frutada de púrpura.
Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco com os dizeres
“Vila da Vidigueira” de negro. –
BANDEIRA –
Esquartelada de branco e de verde. Cordões e borlas de prata e de verde.
Haste e lança douradas. –
SELO – Circular,
tendo ao centro as peças das armas sem indicação dos esmaltes. Em volta,
dentro de círculos concêntricos, os dizeres “Câmara Municipal da
Vidigueira”.
A bandeira é dos
esmaltes da torre e do folhado da videira.
Quando destinada a
cortejos ou outras cerimónias a bandeira é bordada e de seda devendo
medir um metro quadrado.
Quando é para ser
arvorada é de filel e terá as dimensões que forem convenientes, podendo
deixar de incluir as armas.
O negro indicado para
o campo é o esmalte que na heráldica simboliza a terra e denota firmeza,
honestidade e cortesia.
A prata da torre é o
metal que significa humildade e riqueza.
A púrpura dos cachos
é o esmalte que simboliza a abundância.
O verde das parras
denota esperança e fé.
Com estas peças e
estes esmaltes ficam bem representadas a história e riqueza local e a
índole dos naturais da Vidigueira.
[Affonso
de Dornellas.]
(Texto adaptado à
grafia actual)
Fonte: Câmara
Municipal da Vidigueira, Livro de Actas das Vereações, de
04-04-1936 a 22-04-1939, pp. 147-148v. (PT/AMVDG/CMVDG/B-A/001/0061),
Acta da sessão ordinária de 21 de Maio de 1938. |