Orago - São Martinho Área - 11.73 Km2
Ordenação heráldica do brasão e bandeira
Segundo o parecer da
Secção de Heráldica da Associação dos Arqueólogos Portugueses de
30/11/1927
Segundo o parecer da Comissão de Heráldica da Associação dos
Arqueólogos Portugueses de 03/08/1994
Estabelecida em reunião de Assembleia de Freguesia, em
30/09/1994
Publicada no Diário da República n.º 279, 3.ª Série, Parte A de
03/12/1994
Registado na Direcção Geral de Autarquias
Locais, com o n.º 048/1994, em 11/05/1994
Armas - Escudo de negro, leão de prata segurando nas mãos um báculo de ouro; em chefe um escudete de Portugal antigo. Coroa mural de prata de quatros torres. Listel vermelho com a legenda a negro em maiúsculas: “ VILA DE CUCUJÃES “.

Baseado no desenho original de António Lima
Bandeira - De branco, cordões e borlas de prata e negro. Haste e Lança de ouro.
Transcrição do parecer
Parecer apresentado por Affonso de Dornellas e aprovado em sessão de 30 de Novembro de 1927 da Secção de Heráldica da Associação dos Arqueólogos Portugueses.
O antigo e histórico Couto de Cucujães que acaba de ser elevado à categoria de Vila pelo Decreto n.º 13.758 de 11 de Junho do corrente ano de 1927, publicado no Diário do Governo n.º 120 (1.ª série), deseja ter o seu selo e portanto as suas armas e o seu estandarte.
O Abade de Cucujães, Reverendo João Domingues Arêde, erudito estudioso, é autor de uma esplêndida monografia intitulada “Cucujães e Mosteiro com o seu Couto nos tempos medievaes e modernos”, Famalicão, 1922, que minuciosamente descreve a antiquíssima história deste Couto.
Devido à gentileza de Sua Reverência, possuo um exemplar desta obra na minha colecção de monografias.
Deseja o Ilustre Abade João Domingues Arêde que para a Vila de Cucujães se estudem as respectivas armas conforme a carta que passo a transcrever:
- Cucujães, 23 de Fevereiro de 1927. – Ex.mo Sr. Affonso de Dornellas. – Pedindo desculpa, venho com muitos cumprimentos apresentar a V. Ex.ª a gravura inclusa do Brasão de Cucujães que me parece ter reconstituído, e que desejava (se puder ser) ver autorizado o seu uso oficial. Como V. Ex.ª é autoridade na matéria, peço licença para expor o seguinte: Cucujães foi Couto e também Concelho, como consta a pág. 16 e 129 do “Cucujães e Mosteiro com seu Couto” de que remeto um exemplar a V. Ex.ª. A gravura representa o Brasão do Mosteiro Beneditino, de que esta terra de Cucujães era o seu Couto. Modifiquei-lhe algumas peças, adaptando-lhe a linha exterior do Escudo de Condado, para assim rememorar a acção de D. Afonso Henriques por ter sido este o instituidor do Couto. E fiz assim, preferindo estes elementos por serem adstritos à verdade histórica. Por isto: Rogo a V. Ex.ª o especial favor de apresentar o referido trabalho na Secção de Heráldica da Associação dos Arqueólogos, de que V. Ex.ª faz parte, para que a douta Corporação resolva se sim ou não Cucujães tem direito ao Brasão. Cucujães, como pode ver no livro que remeto a V. Ex.ª, foi Couto e Concelho e, portanto, teve autonomia municipalista. Deus permita que o parecer da douta Corporação seja conforme com o meu desejo, pois, se for, pedirei à mesma um parecer fundamentado para poder dirigir uma petição ao Governo no sentido de autorizar o uso oficial do Brasão. É grande favor que V. Ex.ª me dispensa, informar-me, a seu tempo, sobre o parecer que desejo, e que desde já agradeço. Espero que V. Ex.ª me perdoará esta minha ousadia. Com a maior consideração – De V. Ex.ª Mt.º Att.º Vnr. e C.º Obrigado (a) João Domingues de Arêde – Abade de Cucujães. –
Por carta de Sua Reverência de 24 de Junho, soube que Cucujães foi elevada a Vila, como acima digo.
Agora, para poder dizer o que me parece sobre as Armas de Cucujães, vou começar por transcrever o projecto que sobre elas fez o Abade João Domingues Arêde:
- BRAZÃO DE CUCUJÃES E SUA RESTAURAÇÃO –
O conhecimento, que uma longa e paciente investigação da história do Couto do Mosteiro de Cucujães, desde a sua origem, me ofereceu, sugeriu-me a ideia de restaurar o Brasão da sua passada autonomia para que ele seja – não na diplomática concelhia, que lhe não pertence – mas, na documentação da actividade local, o emblema da sua continuidade histórica.
Cucujães, outrora terra autónoma, é muito conhecida pelo seu antigo Mosteiro e Couto. O seu valor moral e político desenvolveu-se principalmente em virtude do dotamento a favor do Mosteiro, em 1139 (anos de Cristo). Daí o domínio temporal do Mosteiro, e a continuação do seu apostolado religioso pela consagração ao serviço de Deus, lealdade aos Imperantes Cristãos e defensão dos seus direitos a bem do seu Couto e dos seus Padroados.
Como Instituição autónoma, teve o Mosteiro o seu selo em branco e nele gravado o Brasão de S. Bento, formado por uma Torre de prata encimada pelo Sol, tendo à direita um Leão rompante segurando um Báculo, divisa do Mosteiro, como Senhor in solidum dos respectivos Couto e Padroados. O referido selo validava e autenticava os documentos oficiais do Mosteiro.
Actualmente vê-se ainda o Brasão de S. Bento esculpido em alto relevo na frontaria da Igreja sobre a porta principal, e outro idêntico se vê entalhado em madeira na Tribuna da Capela-mor, ao centro da sanefa que tem a forma de dossel, e que é sustentado por dois serafins, testemunho eloquente e histórico das mercês outorgadas a Cucujães pelos Imperantes Cristãos do Condado Portucalense e, a seguir, do Reino Lusitano.
Porém com o desfiar dos séculos toda a grandeza do Mosteiro declinou e decaiu, restando apenas modernamente o edifício do velho Cenóbio (hoje convertido em Seminário das Missões Religiosas Ultramarinas) e o seu Brasão, símbolo eloquente do esplendor e glórias de Cucujães nos séculos passados.
Restaurar, pois, o Brasão do Mosteiro que, sem contestação, é o Brasão de Cucujães, é de inteira justiça, porque ele rememora os factos culminantes de Cucujães, cuja importância e valor social, através dos séculos, se desenvolveu à sombra da Cruz.
Assim:
a) O Brasão tem a sua origem no Mosteiro fundado nesta terra de Cucujães por cavaleiros cristãos da Monarquia Ásturo-leonesa.
b) Nos tempos do Condado Portucalense o Príncipe D. Afonso Henriques formou da terra de Cucujães um Couto que doou ao Mosteiro por este se tornar digno da sua nobre confiança, como fora dos imperantes seus avoengos.
c) O Mosteiro, como Instituição religiosa, que exercia jurisdição autónoma em Cucujães, que era do seu feudo, possuiu o selo monacal para as suas oficializações diplomáticas.
Posto isto, seja-me permitido dar a explicação seguinte:
O Brasão de Cucujães, que assenta em campo branco, tem:
Uma Torre de prata em um monte verde escuro, como símbolo da antiga autonomia do Mosteiro, de que era detentor o D. Abade.
Um Leão rompante de ouro que representa o valor moral e político do Senhor do Couto, e a fortaleza espiritual dos Monges subordinados à dignidade do D. Abade do Mosteiro.
Um Báculo de ouro que simboliza a autoridade abacial na jurisdição do Couto, pelas normas da Justiça e do Amor.
Um Rio caudaloso de prata que mana da porta da Torre e simboliza a abundância em frutos benéficos e consoladores para a vida do Mosteiro e seu Couto.
Uma Coroa Condal de ouro, guarnecida de pérolas e que encima uma Cruz de verde que assenta sobre o campo do Brasão, representando a soberania do Príncipe D. Afonso Henriques como Imperante Cristão do Condado Portucalense, quando da fundação do Couto, e autêntica a antiguidade dos privilégios de Cucujães.
Este Brasão, que representa a pacifica e laboriosa terra de Cucujães, deverá resistir a todas as evoluções sociais e acompanhar também os filhos dela até às idades mais remotas, despertando-lhes a sua Fé, o seu Amor e o seu Patriotismo! – Cucujães, Outubro de 1925. – Abade João Domingues Arêde.
Heraldicamente não podem empregar-se as Armas Nacionais como Armas de uma Vila e ainda com a agravante de lhe sobrepor peças.
As armas de D. Afonso Henriques constituem a origem das Armas Nacionais.
Nas Armas das Cidades e Vilas, quando circunstâncias muito especiais se deem, pode incluir-se, em chefe ou em abismo, o escudete das quinas ou, enfim, o escudo das armas de D. Afonso Henriques.
As Armas da Ordem de S. Bento, não podem também ser adoptadas por completo, porque pertencem à mesma Ordem, que ainda existe.
Quando uma Ordem Religiosa teve grande influência na criação e desenvolvimento duma terra e se desejam adoptar para essa terra umas Armas, pode incluir-se como reconhecimento do facto, uma parte das Armas da Ordem Religiosa em questão.
É perfeitamente aceitável o alvitre do Reverendo Abade João Domingues Arêde, de que entrem na composição das Armas de Cucujães peças que recordem a influência de D. Afonso Henriques e da Ordem de S. Bento, mas não na disposição apresentada.
A coroa que deve encimar as Armas de Cucujães é a que caracteriza as Vilas em vez de uma coroa que só pode ser usada por uma pessoa e não por uma povoação.
Enfim, a Secção de Heráldica da Associação dos Arqueólogos não pode concordar com o projecto do Reverendo Abade de Cucujães por não estar conforme com os princípios estabelecidos.
Ao ver sobre a fundação do Couto de Cucujães, o celebre livro de história “Benedictina Lusitania”, Coimbra, 1651, da autoria do sábio Lente de Prima da Universidade de Coimbra, Fr. Leão de Santo Thomaz, Monge de S. Bento, no Tomo 2.º encontrei a págs. 277, um ponto curioso, quando trata do Mosteiro de Cucujães e que passo a transcrever:
- D. Affonso Henriques encoutou este Mosteiro na era de Cesar 1177 a 7 de Julho que he anno de Christo 1139 & parece que lhe fez esta mercê quando já hia a caminho com sua gente pera Alentejo a dar aquella batalha, a que chamamos de Ourique, pois do dia da data deste Couto a 17 dias achamos que os seus Portuguezes o acclamarão por Rey em vespera de S. Tiago antes de dar a batalha.
É mais um elemento para os estudiosos da batalha de Ourique.
Bem, mas vamos a Cucujães.
Propomos para Armas da Vila de Cucujães o seguinte:
- De negro com um leão de prata segurando nas mãos um báculo de ouro. Em chefe o escudete d'armas de D. Afonso Henriques. Coroa Mural de quatro torres de prata.
- Bandeira branca, por a peça principal das Armas ser de prata. Por debaixo das Armas uma fita vermelha com os dizeres: “VILA DE CUCUJÃES” a negro.
Indico a cor negra para o campo das Armas porque representa a terra de cuja riqueza vivem os habitantes de Cucujães.
É da produção natural que Cucujães se mantém e mesmo o negro em heráldica, representa firmeza, obediência e honestidade.
Proponho que o Leão que representa a Ordem de S. Bento, seja de prata porque este metal em heráldica representa a humildade e a riqueza, grandes qualidades que caracterizam a Ordem de S. Bento.
E assim, as Armas da Vila de Cucujães têm a história da sua existência desde a fundação do Convento de S. Bento; a confirmação d'essa existência pelo documento de D. Afonso Henriques, e até a representação da terra como riqueza natural.
As Armas de domínio não são sancionadas pelo poder central. Quando as povoações têm constituição municipal, são as respectivas Câmaras Municipais que adoptam armas próprias, baseadas na história ou nas circunstâncias de carácter local; quando não têm constituição municipal são as Juntas de Freguesia ou enfim, as entidades locais, que assumem as Armas respectivas.
Lisboa, 27 de Novembro de 1927.
Affonso de Dornellas.
(Texto adaptado à grafia actual)
Fonte: Processo da Freguesia de Vila de Cucujães (arquivo digital da AAP, acervo “Fundo Comissão de Heráldica”, código referência PT/AAP/CH/OAZ/FRG/UI0004/00041); DORNELLAS, Affonso de, «Cucujães», in Elucidário Nobiliarchico: Revista de História e de Arte, I Volume, Número IX, Lisboa, Setembro 1928, pp. 265-267.
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