Parecer apresentado por Affonso de Dornellas à Secção de Heráldica da
Associação dos Arqueólogos Portugueses e aprovado em sessão de 28 de
Dezembro de 1927.
Desejando organizar o seu selo e portanto as suas Armas e a sua
bandeira, dirigiu a Câmara Municipal de Alvaiázere o seguinte ofício à
Associação dos Arqueólogos:
– Câmara Municipal do Concelho de Alvaiázere. – Alvaiázere, 26 de
Setembro de 1927. – Ex.mo Sr. Presidente da Direcção da
Associação dos Arqueólogos Portugueses. – Edifício Histórico do Carmo.
Lisboa. – O Ex.mo Presidente da Comissão Administrativa desta
Câmara Municipal, encarrega-me de pedir a V. Ex.ª a especial fineza de
me informar como pode conseguir-se o estudo, por essa Associação do
Brasão de Armas deste Município e qual o custo de tal escudo. – Muito
grato ficaria a V. Ex.ª pelo incomodo da informação que desde já
agradeço. – O chefe da Secretaria (a) Mário de Castro Rosa.
Solicitei para Alvaiázere alguns esclarecimentos sobre a provável
existência de alguns elementos que me auxiliassem, recebendo carta do
Sr. Mário de Castro Rosa que me diz nada existir à excepção do que vem
na página 413 do Romance Histórico «D. Mécia» da autoria de seu pai o
Sr. Marques Rosa publicado em Alvaiázere, 1914.
Sua Ex.ª teve a amabilidade de me oferecer um exemplar que muito
reconhecidamente agradeço.
Diz Pinho Leal no seu Dicionário «Portugal Antigo e Moderno» que
Alvaiázere foi elevada a vila no tempo de D. João I que lhe deu Foral em
1388, mas na «Memoria para servir de índice dos foraes das terras do
Reino de Portugal e seus domínios» por Francisco Nunes Franklim, segunda
edição, Lisboa 1825, apenas vem referência ao Foral dado por D. Manuel I
em 15 de Maio de 1514, que está registado a folhas 116 do Livro dos
Forais Novos da Estremadura. Indica ainda Franklim que as inquirições
para este Foral estão arquivadas sob n.º 13 no maço das Inquirições, no
Armário 17 da Torre do Tombo.
Os estudiosos dizem que Alvaiázere é uma palavra árabe tradução de
«Campo Aromático», e o que é facto é que é notória a quantidade de
alecrim, rosmaninho, lírios e outras plantas que invadem a serra de
Alvaiázere. Uma das ramificações desta serra até se chama Pousa Flores.
O azeite e o vinho são as principais riquezas locais.
É portanto nos dotes naturais que teremos de ir buscar os elementos para
a construção das Armas respectivas, incluindo-lhe a representação
heráldica de trevo como representante das flores.
Proponho pois as seguintes armas:
– De prata com uma oliveira de verde frutada de ouro, acompanhada de
doze flores de trevo verde, colocadas em orlas. Coroa de quatro torres
de prata. Bandeira esquartelada de verde e amarelo. Por debaixo das
Armas uma fita branca com letras pretas. Cordões e borlas de ouro e de
verde. Haste e lança de ouro.
Proponho que a bandeira seja esquartelada de verde e amarelo por ser
destes esmaltes a principal peça de armas.
[Affonso de Dornellas.]
(Texto adaptado à grafia actual)
Fonte:
DORNELLAS, Affonso de, «Alvaiázere», in Elucidário Nobiliarchico:
Revista de História e de Arte, II Volume, Número VIII, Lisboa,
Agosto 1929, pp. 245-248. |