Parecer apresentado à Comissão de
Heráldica da Associação dos Arqueólogos Portugueses e
aprovado em sessão de 30 de Outubro de 1937.
A Câmara
Municipal de Arraiolos, desejando que seja estudada a sua
simbologia, dirigiu-se neste sentido à Associação dos
Arqueólogos Portugueses.
Na parede
dos antigos Paços do Concelho de Arraiolos existe uma pedra
esculpida representando uma cabeça, que a tradição diz ser
de um mouro ou de um capitão grego, de nome Rayeo, que o
tempo transformou em Rayolis e depois em Arraiolos que
fundou a Vila deste nome.
De
qualquer das formas, parece que essa cabeça representa
alguém que existiu antes de Arraiolos estar sob o domínio
português, portanto, tendo esta antiga vila a sua história e
os seus valores naturais, somos de parecer que é da sua vida
portuguesa que devemos tirar os elementos necessários para
simbolizar a sua existência, visto não haver a certeza de
uma alta importância que tivesse tido em civilizações
anteriores.
As armas
nacionais não podem ser usadas como selo dos municípios,
conforme está expresso na circular de 14 de Abril do 1930
que foi expedida pela Direcção Geral da Administração
Política e Civil do Ministério do Interior.
Por
conseguinte, segundo o estabelecido na referida circular
temos que colher elementos concretos referentes à história
local e aos valores regionais.
Nesta
conformidade, somos de parecer que as armas, bandeira e selo
da Vila de Arraiolos, sejam assim ordenadas:
– ARMAS –
De negro, com um castelo de prata aberto e iluminado de
púrpura acompanhado por dois cachos de uva de púrpura
folhados e sustidos de ouro. Em chefe, três abelhas de ouro
e em contra-chefe, duas faixas ondadas de prata e uma de
azul. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco
com os dizeres “Vila de Arraiolos” de negro.
–
BANDEIRA – Esquartelada de branco e de púrpura. Cordões e
borlas de prata e de púrpura. Haste e lança douradas.
– Selo –
Circular, tendo ao centro as peças das armas sem indicação
dos esmaltes. Em volta, dentro de círculos concêntricos, os
dizeres “Câmara Municipal de Arraiolos”.
Como as
peças principais são de prata e de púrpura, a bandeira é
branca, que corresponde à prata, e de púrpura.
Quando
destinada a cortejos ou outras cerimónias, a bandeira é de
seda e bordada e terá um metro quadrado de área. Quando se
destina a ser arvorada, é de filel, podendo suprimir a
representação das armas e terá as dimensões consideradas
necessárias.
É
indicado o negro para o campo das armas por ser o esmalte
que na heráldica simboliza a terra e significa firmeza e
honestidade.
O castelo
e as faixas ondadas são de prata, metal que denota humildade
e riqueza. A faixa ondada de azul, representando as
diferentes ribeiras que regam a região e até uma com o nome
de Arraiolos, tem o esmalte que heraldicamente significa
zelo, lealdade e caridade.
A púrpura
que abre e ilumina o castelo e que esmalta os cachos de
uvas, significa opulência e soberania.
O ouro
das abelhas que simbolizam o trabalho e a ordem, e do
folhado e sustido dos cachos, denota fidelidade e poder.
Com estas
peças e estes esmaltes fica bem representada a história, a
fertilidade regional e a índole dos naturais de Arraiolos.
No caso
da Câmara Municipal concordar com este parecer, deverá
transcrever na acta a descrição das Armas, bandeira e selo
para enviar ao Sr. Governador Civil do Distrito uma cópia,
acompanhada dos desenhos rigorosos da bandeira e selo,
pedindo-lhe para enviar estes elementos à Direcção Geral da
Administração Politica e Civil do Ministério do Interior
para, no caso do Sr. Ministro também aprovar, ser publicada
no Diário do Governo a respectiva portaria.
Sintra,
Setembro de 1937.
Affonso de Dornellas.
(Texto
adaptado à grafia actual)
Fonte:
Câmara Municipal de Arraiolos, Livro de Actas da Câmara
Municipal de Arraiolos, 1937-1940, pp. 38v.-40 (CMA/B/A/001/Lv
085), Acta da sessão ordinária da Comissão Administrativa de
7 de Abril de 1938; arquivo da Comissão de Heráldica da
Associação dos Arqueólogos Portugueses. |